Isto é uma chatice! Ainda assim aí está mais um pedaço… se estiver por aí alguma alma que tenha tempo para uma revisão, força!
O que há de tão especial nele?
[sub]É muitas vezes afirmado que o género surgiu em resposta ao enorme sucesso de Sergio Leone, Por um punhado de dólares (1964), uma adaptação de um filme de samurais japonês chamado Yojimbo (Akira Kurosawa, 1961). Mas um punhado de westerns haviam já sido feitos em Itália antes que Leone redefinisse o género. E os italianos nem foram os primeiros a fazer westerns na Europa durante a década de sessenta. Na Alemanha, uma série de westerns de imenso sucesso baseados na obra de Karl May haviam já sido produzidos, sendo que o primeiro western europeu a ter pelo menos alguns dos ingredientes normalmente associados ao ‘western spaghetti’, foi feito sem qualquer envolvimento italiano, tratando-se de uma co-produção Inglesa/Espanhola: Tierra brutal (Michael Carreras, 1962).
Mas foi certamente Sergio Leone que definiu o olhar e a atitude do género com seu primeiro western e os dois que se seguiriam: Por mais alguns dólares (1965) e O Bom, o mau e o vilão (1966). Reunidos, esses filmes são usualmente designados ‘A Trilogia dos dólares’. O oeste de Leone era um deserto poeirento de aldeias caiadas de branco, ventos uivantes, cães magricelas e cínicos heróis - tão barbudos como os vilões.
Todos os três filmes tiveram bandas sonoras compostas por Ennio Morricone, a sua música era tão pouco comum quanto as imagens de Leone: não só utilizava instrumentos como a trompete, a harpa e a guitarra eléctrica, ele também acrescentava assobios, chicotes e tiros à mistura - descrito por um crítico como uma "rattlesnake in a drumkit”. Morricone haveria de compor mais de 30 bandas sonoras para westerns italianos e foi um factor chave para o sucesso do género.
Em geral os westerns-spaghetti são mais orientados para a acção do que suas parceiros americanos. Os diálogos são escassos e alguns críticos têm apontado que foram construídos como óperas, utilizando a música como um ingrediente ilustrativo da narrativa. Durante anos os westerns haviam sido chamados de 'horse opera’, mas como o professor de estudos culturais - Christopher Frayling - salientou, foram os italianos a demonstrar o que o termo realmente significa.
Nessa época bastantes westerns foram lançados, muitos deles bastante violentos, o que lhes valeria diversos problemas com a censura. Levando-os a ser cortados ou mesmo proibidos em determinados mercados. Muitos destes westerns-spaghetti têm como palco a fronteira Americano-Mexicana e continham bandidos mexicanos sádicos e barulhentos. A Guerra Civil Americana e as suas consequências são outro panorama frequentemente usado. Em vez dos usuais nomes como Will Kane ou Ethan Edwards, os heróis muitas vezes têm nomes estranhos como Ringo, Sartana, Sabata, Johnny Oro, Arizona Colt ou Django.
O género é inegavelmente um género católico (alguns nomes frequentemente usados são Aleluia, Cemitério, Trindade e Água Benta Joe!), com um estilo visual fortemente influenciado pela iconografia católica. Por exemplo: a crucificação, a última ceia ou o ecce homo (Eis o homem). A surreal extravagancia Django mata! (Se sei vivo, Spara, 1967) de Giulio Questi, um ex-assistente de Fellini(!), tem como herói um tipo ressuscitado que testemunha o Dia do Julgamento numa empoeirada cidade ocidental.
As cenas exteriores de muitos westerns-spaghetti, especialmente aqueles com um orçamento relativamente maior, foram filmadas em Espanha. Especialmente no deserto de Tabernas (Almeria, Andaluzia), Colmenar Viejo e Hoyo de Manzanares (perto de Madrid). Na Itália, a província de Lazio (arredores de Roma) foi um local favorito. Alguns westerns-spaghetti foram também filmados nos Alpes, Norte de África ou Israel. Já as cenas de interiores eram geralmente filmadas nas cidades western dos estúdios de Roma, como o Cinecittà ou o Elios. Os estúdios Elios continham também uma “cidade mexicana” próxima da “cidade americana”. [/sub]